sexta-feira, 16 de agosto de 2013

"LER O OUTRO"

A Palavra nos diz para amarmos uns aos outros como a nós mesmo, em Mateus 22:39 e em Marcos 12:31. Isso parece impossível. Amar o outro parece ser uma tarefa essencialmente inalcançável, até mesmo inconcebível por nós, seres humanos que somos, mas existe um entendimento entre a tarefa e o seu executador (nós) que precisa ser identificado e, de certa forma, decodificado. Estou falando aqui do conceito “Ler o outro” e do que este representa em nossa vida.

No teatro, o que um estudante precisa para se tornar um artista? quem conhece um pouquinho dessa área sabe que um dos trabalhos essenciais a ser desenvolvido em aulas é o “trabalho corporal”, ou seja, procura-se conhecer o funcionamento do corpo, assim como o da mente e como externamos o nosso “eu”. O artista precisa conhecer a si e ao outro, porque senão, torna-se impossível representar algo/alguém. Trazer à tona os sentimentos internos.

Por hoje me convêm nomear esse trabalho corporal por “ler o outro”. Percebam que se trata de uma sensibilidade e disposição para tal realização. Digo, não há “leitura” se o sujeito candidato a leitor se recusar a fazer e praticar tal trabalho corporal até alcançar a desejável tarefa de “ler o outro”.

Isso tudo pode parecer extremamente subjetivo e estranho, mas há uma relação clara entre o “ler o outro” e o “amar o próximo”. Como se amar se não se conhece? Como amar o outro se não o conhece?

Vivemos isso hoje. Há milhares de pessoas perdidas, até mesmo desesperadas por não viverem o que inconscientemente – por não se conhecerem – sonharam. Ou seja, essas pessoas nunca deram um tempo a si mesmas, nunca se conheceram e por consequência fizeram escolhas automáticas e completamente erradas, em todas as áreas da vida, como uma crença errada, um casamento errado, uma profissão errada, uma faculdade errada, uma compra errada, uma palavra errada... na verdade, essas pessoas nem mesmo entendem o que é o amor. O amor de que falo aqui é o amor de Deus, que está descrito em 1Cor.13; e que Jesus demonstrou em cada dia seu. Esse amor não é o desejo carnal, não. Não se trata disso. Pelo contrário, esse amor é o que Deus é e sente por nós. É o que deveríamos ter por Ele, por nós mesmos e pelo próximo. Sucintamente o resumo – e inevitavelmente o reduzo – a: conhecimento, cuidado, zelo e preocupação.

Voltemos à questão: Como amar o outro se não nos amamos? Como “ler o outro” se não nos lêmos?

Fato é que quando não nos conhecemos, não externamos o que realmente somos e aí quem passa por nós recebe essa “pessoa” que externamos. Para trazer à realidade o que talvez as palavras não estão dando conta de dizer, vou lhes contar uma experiência pessoal recente:
Em uma volta do almoço, na faculdade, eu estava andando normalmente e pensando na vida – exercício recorrente em minha mente – quando de repente uma jovem, que também passava por ali, se aproximou e me disse palavras de encorajamento, pois, segundo ela, eu estava “triste”. Eu fiquei quase em choque internamente, já que eu não estava sentindo isso e não fazia ideia de que minha face aparentava tristeza, mas a tratei com toda educação e a agradeci pelas palavras.
Leitores, a jovem interpretou meu momento “pensativo” como sendo um momento de “tristeza”. Ela se enganou na interpretação, mas há dois elementos essenciais nessa experiência que precisamos entender. O primeiro é que a jovem, a pesar do engano, mostrou, na prática, ter amor pelo próximo, já que ela “correu o risco” do engano ao me dizer o que pensou ser necessário. O segundo é que o engano dela não foi tão “dela”, pois na verdade ela apenas interpretou a mensagem que recebeu a partir da minha fisionomia.

E onde esta experiência se encaixa na nossa questão já citada?

Esta experiência me mostra que nossas atitudes são baseadas naquilo que “recebemos” e “lemos” por aí. Agora que chegamos no cerne da questão, podemos concluir que para amar o próximo é necessário primeiro amar quem somos e isso só é possível se tivermos disposição para fazer como os artista do teatro e praticarmos a atividade de conhecimento corporal e mental, a fim de conhecermos nossos sentimentos e como os externamos. A partir dessa atividade poderemos começar a “nos ler” e “ler o outro” e aí sim, amá-los, já que entendemos suas necessidades.

Depois dessa reflexão, “ler o outro” ainda parece ser uma tarefa essencialmente inalcançável? Se sim, recomendo uma segunda leitura desse texto e a prática da autoanálise. E, por favor, não me entendam mal. A autoanálise é sim necessária a todos nós (não é apenas coisa da psicologia), pois até mesmo o Senhor nos ensina sobre essa necessidade “examine-se a si mesmo”, em vários momentos, como em 1Cor. 11:28; 2Cor. 13:5; Rm. 14:12; Mt. 23:12.

Que nós possamos ter essa visão capaz de “ler o outro” a fim de se cumprir um dos mandamentos de Deus, que certamente foi criado com muito amor por nós, pois nosso Deus é amor e nos ama incondicionalmente. Se Ele nos ensinou tais coisas é porque é para o nosso bem.

O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.” Romanos 13:10

Lorena Lops. 

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