Boa
tarde leitores!
Vou
tentar explanar sucintamente o que é o Implante Coclear e responder
se este é a solução perfeita para quem tem deficiência auditiva.
Conheci o que é este implante através de uma aula na faculdade, em que minha professora, o explicou e citou exemplos de casos que deram certo e os que não deram certo.
Implante
Coclear
O Implante
Coclear (IC)
é um dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa
proporcionar aos seus usuários sensação auditiva próxima ao
fisiológico. O IC possui uma parte externa e outra
interna. A parte externa é constituída por um microfone, um
microprocessador de fala e um transmissor. A parte interna possui
um receptor e estimulador, um eletrodo de referência e um
conjunto de eletrodos que são inseridos dentro da cóclea.
Esse dispositivo eletrônico tem por objetivo estimular, através
desses eletrodos implantados dentro da cóclea,
o nervo auditivo que, por sua vez leva os sinais para o encéfalo
onde serão decodificados e interpretados como sons.
O
mau funcionamento ou a inexistência das células
ciliadas internas é
a principal causa da perda auditiva neurossensorial. Isso pode
ocorrer por várias motivos, dentre eles estão: doenças
genéticas ou infecciosas (como rubéola e meningite);
exposição exagerada a sons muito intensos; a utilização de
drogas ototóxicas (como canamicina, estreptomicina e cisplatina);
processo natural do envelhecimento.
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Vou
tentar explicar de maneira mais clara: O sujeito só é surdo quando
possui a falta das células ciliadas internas, pois elas são as
responsáveis pela audição. Porém, estas células não são
inexistentes, elas aparecem em quantidades diferentes e é por isso
que a surdez se dá em vários níveis e é classificada em
surdez leve, surdez moderada, surdez acentuada, surdez severa
e surdez profunda.
O
implante causa a perda total dessas células, o que significa que
aquela pouca quantidade de células que existiam, passam a não
existir.
Como
vimos, é implantado um aparelho eletrônico internamente na região
do ouvido e há também um aparelho externo que é o que capta os
sons.
Existe
um procedimento para escolher as pessoas que farão o implante, ou
seja, existem pré requisitos importantes, elaborados por equipes
médicas, que são avaliados e daí se tem a resposta se tal pessoa é
apta a fazer o implante ou não.
Feito
o implante, existe a possibilidade de o organismo aceitar ou não o
aparelho. Quando não há aceitação, o organismo literalmente o
expulsa - e existem casos em que essa rejeição ocorreu. Caso seja
aceito pelo organismo, existe ainda um longo percurso, de
aproximadamente 2 anos para que o paciente ative todos os eletrodos.
Esta ativação é feita através de um tratamento com
fonoaudiólogos. O acompanhamento é importante pois se os eletrodos
não forem ativados, o paciente implantado não ouvirá, ou ouvirá de
maneira ruim, como por exemplo, só ruídos, além de que, se o
paciente não for um recém nascido, ele precisará se adequar aos
sons. É preciso aprender o que são os sons, a que eles se referem.
Ex.: sons de buzina, de trânsito, de motor e etc.
Isso
para os ouvintes parece óbvio, mas não é. Nós sabemos o que são
os sons porque estamos acostumados com eles.
Bem,
como vimos de maneira sucinta, o implante não é simples, exige do
candidato diversos pré requisitos, assim como qualquer cirurgia
desse tipo; existe o risco de o órgão(corpo) não aceitar a “parte
estranha” e expulsá-lo; a criança precisa ter acompanhamento com
fonoaudiólogos durante cerca de 2 anos e, além de todo esse
processo, há outras questões para refletirmos.
Quem
estuda sobre a deficiência auditiva sabe que não se trata apenas de
“curar” o paciente.
Ser
surdo envolve muito mais questões e não só o fato de não
conseguir ouvir, como a identidade e a cultura. O que me parece mais
grave em meio a essa discussão são os mitos que a
sociedade alimenta como a mais fiel verdade sobre o ser surdo.
O
mito mais grave em relação ao surdo e que leva as pessoas a
apoiarem o implante coclear é o fato de acharem que os
deficientes auditivos tem uma deficiência mental e que
sendo assim, eles não conseguem desenvolver atividades
didáticas,como a aquisição de uma língua e que então são burros
ou retardados, não tem equilíbrio emocional e físico, não
entendem nosso mundo, dentre tantas outras baboseiras. Isso são
mentiras alimentadas há séculos e que a maioria da população não
faz questão nenhuma de mudar.
A
linha de “raciocínio” das pessoas é bem assim: Os surdos não
são capazes de aprender nada, são burros. Então o implante é a
solução perfeita. Daqui alguns anos não existirão mais surdos,
porque todos vão receber o implante coclear. Eles estarão salvos.
Mito.
Isso é mito.
Estudos
já provaram a muitos anos que os surdos tem o cérebro perfeito.
Eles tem sim capacidade de aprender uma língua, aprender a brincar,
a praticar esportes e todas as outras coisas que qualquer ouvinte
faz.
Pesquisem
sobre a comunidade dos surdos e sobre os estudos/linguístas como
Noam Chomsky, Stoke, Belugi, Dr. Ronice Muller, Oliver Sacks e tantos outros
estudiosos da aquisição da linguagem e da língua de sinais.
A
minha resposta à pergunta inicial é que o implante coclear
não é perfeito e não é a solução para os surdos e sim a solução
para os ouvintes. É isso. Os ouvintes criaram um meio de
não ter que se preocupar mais em aprender a língua de sinais para
se comunicar com os surdos, seja em uma loja, seja em uma escola, ou
seja em casa mesmo. Os ouvintes em sua maioria olham para os surdos
como pacientes a serem tratados, curados.
A
verdade é que a decisão de fazer o implante é muito séria e
envolve uma vida com identidade e uma cultura.Não estou aqui condenando o implante, apenas gostaria que os pais de crianças surdas e os surdos pensassem bem sobre tudo isso e fizessem escolhas conscientes e escolhas boas para eles. O implante pode ser ótimo, mas o que penso é que o fato de a pessoa fazer ou não o implante não a tira de uma vida triste e a leva para uma vida super feliz. A felicidade não está em poder ouvir e sim em poder pensar e viver. Existem diversos testemunhos de surdos que tem sim uma vida feliz, com família, amigos, Deus, aquisição da L1- Libras e da L2- português e muitas experiências de vida, como estudar, inclusive em universidades, se formar, viajar, escrever livros, trabalhar, e claro que inclusive participar de festas, dançar, cantar...tudo isso é possível e acontece.
Deixo
algumas questões para vocês refletirem:
- Não é um incômodo viver toda a vida com um aparelho eletrônico dentro da cabeça?
- A comunidade surda tem uma cultura, e quando o surdo aceita a língua de sinais, ele se aceita. Será que os ouvintes não são egoístas demais?
- Os pais de uma criança surda, assim que tem o diagnóstico do filho, não deveriam se informar sobre o que é a surdez- causa e consequência, como os surdos vivem, qual sua língua, o que eles pensam, o que é a cultura surda, e muitas outras questões importantes?
- Os pais não deveriam tentar se comunicar com seus filhos? Eles deveriam aprender a língua de sinais, concordam?
- Forçar uma pessoa surda a falar, é o mesmo que forçar os ouvintes a voarem-não temos asas, neh!
- Os surdos têm uma capacidade visual avançada em relação aos ouvintes, e por isso a LS é adequada.
Antes
de propagar que os surdos são infelizes e que só a audição é
capaz de trazer a felicidade e a inteligência, procurem se informar
sobre o que realmente é ser surdo!
Acesse
o site abaixo e saiba mais sobre o Implante Coclear:
Lorena L.
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