quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Implante Coclear - é a solução perfeita para os surdos?


 
Boa tarde leitores!

Vou tentar explanar sucintamente o que é o Implante Coclear e responder se este é a solução perfeita para quem tem deficiência auditiva.


Conheci o que é este implante através de uma aula na faculdade, em que minha professora, o explicou e citou exemplos de casos que deram certo e os que não deram certo.
Implante Coclear
Implante Coclear (IC) é um dispositivo eletrônico, parcialmente implantado, que visa proporcionar aos seus usuários sensação auditiva próxima ao fisiológico. O IC possui uma parte externa e outra interna. A parte externa é constituída por um microfone, um microprocessador de fala e um transmissor. A parte interna possui um receptor e estimulador, um eletrodo de referência e um conjunto de eletrodos que são inseridos dentro da cóclea. Esse dispositivo eletrônico tem por objetivo estimular, através desses eletrodos implantados dentro da cóclea, o nervo auditivo que, por sua vez leva os sinais para o encéfalo onde serão decodificados e interpretados como sons.
O mau funcionamento ou a inexistência das células ciliadas internas é a principal causa da perda auditiva neurossensorial. Isso pode ocorrer por várias motivos, dentre eles estão: doenças genéticas ou infecciosas (como rubéola e meningite); exposição exagerada a sons muito intensos; a utilização de drogas ototóxicas (como canamicina, estreptomicina e cisplatina); processo natural do envelhecimento.


Vou tentar explicar de maneira mais clara: O sujeito só é surdo quando possui a falta das células ciliadas internas, pois elas são as responsáveis pela audição. Porém, estas células não são inexistentes, elas aparecem em quantidades diferentes e é por isso que a surdez se dá em vários níveis e é classificada em surdez leve, surdez moderada, surdez acentuada, surdez severa e surdez profunda.

O implante causa a perda total dessas células, o que significa que aquela pouca quantidade de células que existiam, passam a não existir.


Como vimos, é implantado um aparelho eletrônico internamente na região do ouvido e há também um aparelho externo que é o que capta os sons. 
Existe um procedimento para escolher as pessoas que farão o implante, ou seja, existem pré requisitos importantes, elaborados por equipes médicas, que são avaliados e daí se tem a resposta se tal pessoa é apta a fazer o implante ou não.

Feito o implante, existe a possibilidade de o organismo aceitar ou não o aparelho. Quando não há aceitação, o organismo literalmente o expulsa - e existem casos em que essa rejeição ocorreu. Caso seja aceito pelo organismo, existe ainda um longo percurso, de aproximadamente 2 anos para que o paciente ative todos os eletrodos. Esta ativação é feita através de um tratamento com fonoaudiólogos. O acompanhamento é importante pois se os eletrodos não forem ativados, o paciente implantado não ouvirá, ou ouvirá de maneira ruim, como por exemplo, só ruídos, além de que, se o paciente não for um recém nascido, ele precisará se adequar aos sons. É preciso aprender o que são os sons, a que eles se referem. Ex.: sons de buzina, de trânsito, de motor e etc.

Isso para os ouvintes parece óbvio, mas não é. Nós sabemos o que são os sons porque estamos acostumados com eles.

Bem, como vimos de maneira sucinta, o implante não é simples, exige do candidato diversos pré requisitos, assim como qualquer cirurgia desse tipo; existe o risco de o órgão(corpo) não aceitar a “parte estranha” e expulsá-lo; a criança precisa ter acompanhamento com fonoaudiólogos durante cerca de 2 anos e, além de todo esse processo, há outras questões para refletirmos.

Quem estuda sobre a deficiência auditiva sabe que não se trata apenas de “curar” o paciente.
Ser surdo envolve muito mais questões e não só o fato de não conseguir ouvir, como a identidade e a cultura. O que me parece mais grave em meio a essa discussão são os mitos que a sociedade alimenta como a mais fiel verdade sobre o ser surdo.

O mito mais grave em relação ao surdo e que leva as pessoas a apoiarem o implante coclear é o fato de acharem que os deficientes auditivos tem uma deficiência mental e que sendo assim, eles não conseguem desenvolver atividades didáticas,como a aquisição de uma língua e que então são burros ou retardados, não tem equilíbrio emocional e físico, não entendem nosso mundo, dentre tantas outras baboseiras. Isso são mentiras alimentadas há séculos e que a maioria da população não faz questão nenhuma de mudar.

A linha de “raciocínio” das pessoas é bem assim: Os surdos não são capazes de aprender nada, são burros. Então o implante é a solução perfeita. Daqui alguns anos não existirão mais surdos, porque todos vão receber o implante coclear. Eles estarão salvos.

Mito. Isso é mito.

Estudos já provaram a muitos anos que os surdos tem o cérebro perfeito. Eles tem sim capacidade de aprender uma língua, aprender a brincar, a praticar esportes e todas as outras coisas que qualquer ouvinte faz.
Pesquisem sobre a comunidade dos surdos e sobre os estudos/linguístas como Noam Chomsky, Stoke, Belugi, Dr. Ronice Muller, Oliver Sacks e tantos outros estudiosos da aquisição da linguagem e da língua de sinais.

A minha resposta à pergunta inicial é que o implante coclear não é perfeito e não é a solução para os surdos e sim a solução para os ouvintes. É isso. Os ouvintes criaram um meio de não ter que se preocupar mais em aprender a língua de sinais para se comunicar com os surdos, seja em uma loja, seja em uma escola, ou seja em casa mesmo. Os ouvintes em sua maioria olham para os surdos como pacientes a serem tratados, curados.
A verdade é que a decisão de fazer o implante é muito séria e envolve uma vida com identidade e uma cultura.Não estou aqui condenando o implante, apenas gostaria que os pais de crianças surdas e os surdos pensassem bem sobre tudo isso e fizessem escolhas conscientes e escolhas boas para eles. O implante pode ser ótimo, mas o que penso é que o fato de a pessoa fazer ou não o implante não a tira de uma vida triste e a leva para uma vida super feliz. A felicidade não está em poder ouvir e sim em poder pensar e viver. Existem diversos testemunhos de surdos que tem sim uma vida feliz, com família, amigos, Deus, aquisição da L1- Libras e da L2- português e muitas experiências de vida, como estudar, inclusive em universidades, se formar, viajar, escrever livros, trabalhar, e claro que inclusive participar de festas, dançar, cantar...tudo isso é possível e acontece.

Deixo algumas questões para vocês refletirem:
  1. Não é um incômodo viver toda a vida com um aparelho eletrônico dentro da cabeça?
  2. A comunidade surda tem uma cultura, e quando o surdo aceita a língua de sinais, ele se aceita. Será que os ouvintes não são egoístas demais?
  3. Os pais de uma criança surda, assim que tem o diagnóstico do filho, não deveriam se informar sobre o que é a surdez- causa e consequência, como os surdos vivem, qual sua língua, o que eles pensam, o que é a cultura surda, e muitas outras questões importantes?
  4. Os pais não deveriam tentar se comunicar com seus filhos? Eles deveriam aprender a língua de sinais, concordam?
  5. Forçar uma pessoa surda a falar, é o mesmo que forçar os ouvintes a voarem-não temos asas, neh!
  6. Os surdos têm uma capacidade visual avançada em relação aos ouvintes, e por isso a LS é adequada.

Antes de propagar que os surdos são infelizes e que só a audição é capaz de trazer a felicidade e a inteligência, procurem se informar sobre o que realmente é ser surdo!


Acesse o site abaixo e saiba mais sobre o Implante Coclear:

Lorena L.

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