sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O objeto da sintaxe

Boa tarde pessoal :)

Bom, quando se fala em português, gramática especificamente, as expressões faciais caminham sempre para o mesmo sentido: preocupação, medo, stress. Mas para aliviar o desconforto e deixar uma boa visão desse estudo, começo trazendo este texto, usado por uma professora na faculdade, que achei muito claro e simples, que define qual é o objeto da sintaxe. SINTAXE agora não será mais a causa do seu pesadelo. Sinta-se a vontade para adquirir conhecimento!

O OBJETO DA SINTAXE

As pessoas falam geralmente sua língua nativa, nas situações cotidianas, com a mesma naturalidade com que respiram, vêem, andam; e assim como não estão interessadas em saber como seu corpo funciona naquelas tarefas, também não costumam se deter no exame dos movimentos que executam para produzir os sons das palavras, nem tampouco na observação do que acontece com as palavras quando elas se combinam nos enunciados. A linguagem, porém, é muito mais do que articular sons e combinar palavras; além de ter uma estrutura extraordinariamente complexa que envolve sons, palavras e frases, seu uso nas múltiplas situações reflete condicionamentos psicológicos, sociais e culturais. Por outro lado, o ato de dizer/escrever se dá em um contexto que inclui ouvinte/leitor, assunto, tempo, espaço. Quem diz/escreve normalmente o faz buscando a comunicação e só excepcional ou maldosamente evitando-a. O ouvinte/leitor é, por conseguinte, tão decisivo para o caráter do discurso quanto quem o produz. Nem tudo o que o enunciado deixa ou faz entender se acha explícito nele; parte de seu sentido já está no conhecimento do interlocutor (informação implícita/implicada) ou constitui um dado prévio qualquer no conhecimento do locutor (informação pressuposta). Parafraseando (REYES, 1984), pode-se dizer que o locutor não só “diz”, como “cita” e, ao fazê-lo, não só ressuscita outras experiências discursivas, como suscita sentidos.

Comparadas às formas de comunicação animal, por exemplo, as línguas se revelam extraordinariamente ricas em recursos. Seria possível enumerar as mensagens que um cão, um pássaro, uma abelha são capazes de emitir; mas é impossível fazer o mesmo com os recursos de expressão verbal do homem. A memória humana pode arquivar uma certa quantidade de frases diferentes, mesmo sem ter em vista semelhanças estruturais entre elas, assim com se decoram as letras das músicas. Mas as frases de uma língua, aquelas que uma pessoa está apta a produzir e entender em sua língua, não são catalogáveis, porque infinitas tanto em número como, teoricamente, em extensão. As palavras, sim, podem ser listadas em dicionários e mesmo assim muitas se criam ou se modificam por aí, na fala espontânea, nos textos de toda espécie, sem que cheguem a figurar em registros lexicográficos.

A cada instante pode-se estar pronunciando uma frase nova. Afinal, ninguém pode garantir que a frase que inicia este parágrafo e a que estou escrevendo agora não inéditas. Eu não as tinha memorizadas, muito menos o leitor, e, apesar disso, não houve qualquer dificuldade para produzi-las e entendê-las. Nós não apreendemos o significado de cada uma das frases possíveis como se nada tivessem em comum umas com as outras. Todas elas, aceitas como estruturas da língua pelos usuários, se criam graças a um sistema de unidades – sons, palavras, afixos, acentos – e regras que as combinam.

A sintaxe – numa definição provisória, visto que ambiciosa – é a parte desse sistema que permite criar e interpretar frases. A sintaxe do português, por exemplo, compreende as regras que tanto tornam possíveis enunciados banais como “Hoje é domingo” ou “Que dia é hoje?”, ou excêntricos, como “Napoleão temia que as tartarugas desovassem no seu imponente chapéu”, quanto impedem seqüências como “Que dia serem hoje?” ou “Seu imponente temia as que chapéu desovassem Napoleão tartarugas no”.

REFERÊNCIA: AZEREDO, José Carlos de. Iniciação à sintaxe do português. 5. ed. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 1999, p. 9-10.

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